Atenção, cidadãos! O dia 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe que falhou. Mas ela pode ter sido apenas e tão somente um ENSAIO GERAL!
Todo golpe de Estado somente ocorre por ação daqueles que detêm o poder militar: as forças armadas, polícias- militares e milícias armadas.
Queremos hoje, à luz daquilo que já se sabe do criminoso intento, levantar questões fundamentais para o futuro de nossa democracia: o que deu certo e o que deu errado nesta tentativa golpista:
Deu certo!
- Sem que a mão do gato estivesse presente, laranjas e testas de ferro mobilizaram em todo o País milhares de indivíduos baderneiros, desajustados, ressentidos e idiotizados para acamparem por mais de dois meses às portas dos quarteis militares pedindo, implorando e rezando por um golpe militar! Isto deu certo!
- Os comandos militares foram não somente permeáveis a estas manifestações em áreas restritas militares, como também foram facilitadores da massa ensandecida, para não dizermos, no mínimo, coniventes! Isto também deu certo!
- A Polícia Rodoviária e as PMs da maioria dos estados foram permissivas e coniventes com bloqueios de estradas que pudessem fermentar o caos. Isto também deu certo até o limite em que o desabastecimento poderia colocar a população contra o golpe em gestação. Aí, após quase um mês, as estradas foram desobstruídas.
- Os Comandos Militares, na prática, “impuseram” o Ministro Múcio ao governo Lula. E o Ministro por ingenuidade ou por inadivertência, afirmou na semana decisiva de preparação do golpe de estado que os acampamentos em volta dos quarteis eram “democráticos”, “lá estavam amigos e parentes meus”, disse textualmente! E os acampamentos, “ninhos de geração de terroristas” (Ministro Dino) foram crescendo, inchando! Isto também deu certo!
- Os enfeitados batalhões dos ditos “dragões da independência”, cuja ÚNICA FUNÇÃO é a segurança e preservação do Palácio da Alvorada, sede do poder e RESIDÊNCIA DO PRESIDENTE e sua família, somente apareceram três horas após a destruição perpetrada! Batalhões que existem para guarda permanente! Isto foi perfeito, deu mais que certo!
- O governador Ibanês Rocha era peça chave para o golpe. Colocou o estrategista de Bolsonaro, Anderson Torres, para que este aparelhasse a PM do Distrito Federal e permitiu que ele se ausentasse em férias de um posto que assumira há dias. E assegurou que a segurança do Planalto estava garantida ao recém empossado Ministro Dino. E ele acreditou! Deu certo!
- O Comando Militar do Planalto, declarou ao Presidente Lula, no próprio dia 8 de janeiro que já possuía 3.000 homens aquartelados para uma intervenção militar! Ele já sabia que haveria uma tentativa de golpe para ocorrer o aquartelamento?!!!!
- Nenhuma arma de fogo foi aprendida pela Polícia com a gentalha que invadiu e destruiu parcialmente os Palácios dos Três Poderes!!!!!!! Espantoso! Acontece que quando houve a debandada pela ação da PM e esta tentou cercar aqueles que se abrigavam debaixo das asas do Exército, tanques de guerra a impediram. Por que??? Para permitir que os comando armados escondessem suas armas? Para a possível fuga? Também deu certo!
- O golpe de Estado queria apenas preservar as estruturas físicas dos prédios. Os golpistas sabem que nada atrai mais a multidão que o fogo, como fizeram no Parlamento Alemão em 1934, no La Moneda em 1973, e em tantos momentos nas manifestações de 2013 e 2016! No entanto, nenhum dos terroristas, que fogo haviam colocado nas rodovias, tentou queimar os Palácios! Ação articulada que deu certo!
- Não houve uma única manifestação antiterrorista por parte das FFAA. Também deu certo!
Deu errado!
Mas muitas coisas não deram certo e o Golpe de 8 de janeiro deu errado!
- O Presidente Lula e sua esposa não estavam no Planalto no dia 8. Talvez tivessem sido assassinados, tal qual ocorreu com o Presidente Salvador Allende em 1973. Deu errado para os golpistas!
- A mobilização dos bolsonaristas civis e paramilitares fora de Brasília foi pífia, com algumas interrupções de trânsito e ameaças a refinarias. Deu errado!
- A derrubada das torres de energia elétrica não levou a apagão algum. Deu errado!
- A reação corajosa e correta do Presidente do Brasil, que recusou passar o poder da ordem pública para os Militares (aliás solução defendida pelo golpista e atual senador, general Mourão), mas interviu na segurança do Distrito Federal. Deu errado para os golpistas!
- A parcela profissional e ética da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal conseguiu, em uma semana, se impor à parcela bolsonarista pró-golpe. Deu errado!
- A imediata reação do Ministro Alexandre de Morais ao impor o anteparo da lei às atividades criminosas, embora esperada pelos golpistas, foi muito mais fundo e rápido (prisão de ex-chefe da PM do DF, do ex- ministro da Justiça, etc..) que os golpistas esperavam. Deu errado!
- O posicionamento corajoso e de ESTADISTA de Lula, assumindo um palácio semidestruído e congraçando em defesa da democracia todos os poderes, até mesmo governadores bolsonaristas! Isto deu errado!
- A reação internacional contrária ao golpe surgiu e cresceu de leste a oeste, de norte a sul! Também deu errado!
Mas Atenção Cidadão: o golpismo não foi derrotado!!! Está vivo em Miami, em boa parcela da oficialidade das PMs, em quarteis das forças armadas, na parcela mais idiotizada e manipulável de nossa população, em setores importantes da classe média!
Em 1973, o governo de Salvador Allende, que possuía a seu lado parcela das forças armadas comandadas pelo general Carlos Prates, conseguiu debelar uma tentativa de golpe cívico-militar no mês de junho de 1973. Allende optou por apaziguamento com as forças armadas; aceitou a renúncia de Prates e nomeou Pinochet comandante do Exército. Sabemos perfeitamente o que ocorreu em setembro de 1973!
Referência: Moniz Bandeira, Fórmula para o Caos. A derrubada de Salvador Allende. Ed. Civilização Brasileira.
6 respostas
André Mendonça é ministro do Supremo. Quem facilitou a invasão nos prédios dos 3Poderes em Brasília foi Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e Secretário do Ibaneis, que foi para a Flórida na véspera dos ataques terroristas.
Grato, corrijido.
Rosa Maria, eu não compreendi teu comentário sobre o André Mendonça / Anderson Torres
Olá, bom dia!
Muito obrigado por apresentarem um texto espetacular e super importante.
Parabéns!!!!!
ROMERO PASSOS
De maneira geral, Concordo com a análise do jornalista Carlos Russo Jr.
Foi fundamental a ação rápida do Ministro Dino , preparando o Decreto de Intervenção Federal do GDF !! … e a assinatura do Presidente Lula lá de Araraquara!
Foi fundamental!!
Creio importante aprofundar a investigação de influência externa( 🇺🇸 ) nessa tentativa de golpe !!
Os caras pálidas 0 “império americano “ não é de brincadeira não!!
Meus comentários DEU CERTO:
Item 4: O ministro Múcio e os comandantes militares devem ser exonerados.
Item 6: É evidente que os militares traidores estavam preparados para o golpe. Isso foi magistralmente neutralizado pela ação do Lula descrita no item 4 do DEU ERRADO.
Item 8: Também é evidente que a proteção dos militares visou viabilizar fugas, havia pensado apenas em seus aliados mais próximos, concordo com o acréscimo aqui feito sobre as armas (entenda-se CAC).
Item 10: Óbvio devido a nítida cumplicidade.
Meus comentários do DEU ERRRADO:
Item 1: Creio que a ideia era que os palácios estivessem vazios, não creio que quisessem matar qualquer autoridade, apenas submetê-las.
Item 5: Muito positivo, significa que há muita gente contrária ao golpe.
Item 4: Já comentado
Item 6: Alexandre de Moraes continua seu trabalho firme, isso é muito bom, sua determinação foi fundamental em todo processo.
Item 7: Ato simbólico de extrema significação.
Item 8: O apoio internacional é sempre fundamental, o contexto geopolítico atual não tolera esse tipo de golpe. Muito especialmente contribuiu a posição do USA, sem a interferência deles os diversos golpes nas décadas de 1960 e 1970 na América Latina não teriam ocorrido.
Faltou um item: A total falta de apoio da mídia dominante, assim como a atual facilidade e velocidade de transmissão de informação. Um golpe necessita do controle total da informação.