Escola de Medicina Aeroespacial Americana e criminosos nazistas.

Uma verdadeira coroação para a cooperação científica entre antigos membros do Partido Nazista Alemão e o Estado Maior dos EUA, foi o projeto em que trabalhou Hubertus Strughold.

Hubertus Strughold coordenara experiências sobre a resistência ao frio de deportados de campo de concentração de Dachau. Um centro de sinistra memória: cientistas levaram a cabo experiências particularmente atrozes com prisioneiros de campos de concentração, a fim de verificar a duração da resistência ao gelo, à absorção de água salgada e à falta de oxigênio. Milhares foram sacrificados nestes sinistros experimentos.

Hubertus Strughold foi contratado para coordenar o primeiro Departamento de Medicina Espacial dos EUA.

No início dos anos 1950, o Exército Americano lançou um programa destinado a melhorar procedimentos médicos para pilotos em operação e cuidados a serem prestados em caso de acidente ou circunstâncias extremas, tais como o lançamento em paraquedas de altitudes elevadas.

Estas investigações foram centralizadas na Escola de Medicina Aérea de Randolph Field, no Texas, sob a direção do general Harry Armstrong.

Sob o comando de Strughold, entre seus colaboradores mais próximos estava Siegfried Ruff. Ruth era o responsável por experiências de simulação de elevada altitude em Dachau, que tornavam os prisioneiros completamente loucos por falta de oxigênio no cérebro; após isto, ele os enviava para as câmaras de gás. Ruff , que, miraculosamente, fora libertado em Nuremberg!

Ao final da Segunda Guerra Mundial, o Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos colocou em ação ultrassecreta a denominada “Operação Paperclip”, cujo objetivo era recrutar cientistas nazistas, não importando os crimes que haviam cometido, livrando-os de processos por crimes contra a humanidade e levando-os para os USA.

A operação defrontou fortes resistências ao mesmo tempo entre os responsáveis políticos e o Estado-Maior. A posição do presidente Franklin Delano Roosevelt era clara: interrogado por William Donovan, chefe do embrião da futura CIA, o presidente dos Estados Unidos recusou. “Criminosos de guerra devem ser julgados”.

Entretanto, passando por cima da ordem presidencial, a JIOA tomou a decisão de falsificar os processos militares dos cientistas alemães que projetava infiltrar nos Estados Unidos.

Paralelamente, um dos diretores da JIOA, E. W. Gruhn encarregou-se de estabelecer uma lista dos cientistas alemães e austríacos mais qualificados para fazê-los serem recrutados pelos seus serviços. Apoiou-se para isso em Werner Osenberg, chefe da secção da Gestapo encarregada de verificar a confiabilidade política dos cientistas que trabalhavam para o Reich. Assim, como observou Linda Hunt, este método «favorecia a contratação de cientistas nazistas convictos» para serem trazidos para os USA.

UMA OPERAÇÃO DE ”INTERESSE NACIONAL”.

Em finais de 1946, após a morte do Presidente Roosevelt, o Departamento da Guerra organizou a apresentação de uma delegação de «cientistas alemães» à imprensa. Impôs-se silêncio sobre os antecedentes de crimes de guerra dos cientistas, todos nazistas de primeira hora.

Theodor Zobel, por exemplo, era acusado de ter «efetuado experiências com seres humanos quando dirigia as vidrarias de Chalais-Meudon, na França», informação confirmada até mesmo pela administração militar americana de Berlim.

Outro perito alemão nazista em combustível de jatos, Ernst Eckert, viu desaparecer seu passado de antigo membro das S.A., tropas de choque do Partido Nazista antes mesmo da sua chegada ao poder. Mas a política do Pentágono insistia em proteger ao máximo estes homens, enquanto trazia mais e mais cientistas da Alemanha nazista.

A partir do Verão de 1947, os Estados Unidos lançaram uma nova operação intitulada “Nacional Interest” com o objetivo de recrutar toda a gama dos cientistas nazistas, mesmo aqueles já condenados por crimes de guerra!

Propôs aos criminosos de guerra trabalharem para o Exército ou para grandes empresas privadas como a Lockheed, W. R. Grace and Company, CBS Laboratories e Martin Marietta.

Otto Ambros foi um daqueles que se beneficiaram desse programa. O Diretor da I.G. Farben alemã durante a guerra, participou na decisão de utilizar o gás Zyklon B (produzido por uma filial da IG Farben- Bayer) nas câmaras de gás, e foi sua decisão pessoal a escolha do campo de extermínio de Auschwitz para instalação de uma fábrica do gás mortal. Declarado culpado de escravagismo e assassinatos em série em Nuremberg, foi beneficiado, no entanto, pela clemência do tribunal e condenado apenas a oito anos de prisão.

Durante o seu período de detenção, o seu nome foi mantido na lista de contratação da JIOA, que o recrutou quando da sua libertação ilegal por John McCloy, alto comissário estado-unidense para a Alemanha. Foi, então, integrado como “conselheiro” nos quadros da empresa da Dow Chemical, e nos laboratórios do U.S. Army Chemical Corps.

O antigo membro das SS, das SA e de dois outros grupos de extermínio nazista, Kurt Debus, tornou-se o primeiro diretor do Kennedy Space Center em Cabo Canaveral.

Obs.: Ainda hoje, o edifício da Base da Força Aérea dos EUA em San Antonio leva o nome de Hubertus Stronghold.

Fontes:

Business Insider, May 7, 2018, “The most impactful event in every state that shaped US history”

Vulture, June 24, 2019, “The Full-Circle Journey of ‘Homer Simpson Backs Into the Bushes’”

PBS NewsHour on YouTube, March 31, 2014, “When the U.S. recruited Nazis for ‘Operation Paperclip'”

The Mimi Geerges Show on YouTube, March 19, 2014, “Bringing Nazi Scientists to America – Annie Jacobsen”

Smithsonian Magazine, Nov. 16, 2016, “Why the U.S. Government Brought Nazi Scientists to America After World War II.”

NPR, Feb. 15, 2014, “The Secret Operation To Bring Nazi Scientists To America.”

Central Intelligence Agency Library, Oct. 6, 2014, “Operation Paperclip: The Secret Intelligence Program to Bring Nazi Scientists to America”

National Archives, Oct. 11, 2016, “Records of the Secretary of Defense (RG 330)”

Esquire, Feb. 23, “Hunters’ Nazi NASA Scientists Are Based on the True Story of Operation Paperclip”

Time, July 18, 2019, “How Historians Are Reckoning With the Former Nazi Who Launched America’s Space Program”

The Associated Press, Oct. 26, 1993, “Portrait of Nazi Prompts Protest”

The Virginian-Pilot, Jul. 20, 2014, “How the U.S. secretly scooped Hitler’s top scientists”

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