“Jean Christophe” e o deus da Bíblia.

Em 1915, o escritor francês Romain Rolland recebeu o prêmio Nobel de literatura, graças à sua obra colossal denominada “Jean Christophe”, uma espécie de semi-biografia de Beethoven, transplantada para a realidade do princípio do século XX.

Atenção: a obra foi escrita por um defensor do caso Dreyfus, antes do holocausto da Segunda Guerra. Jamais o socialista Romain Rolland foi antisemita.

Em seu quarto volume, o personagem pensador Olivier (alter ego do próprio escritor), expressa todo o seu sentimento em relação ao ódio que é central na Bíblia judaica e que hoje se reproduz em ações de seu dito “Povo Eleito”, guiado por fascistas, na Palestina.  

Abaixo reproduziremos os mais importantes trechos de seu diálogo com Christofer, a respeito do deus da mesma.

“O Deus da Bíblia, porém, é um velho judeu monomaníaco, um louco furioso, que passa o tempo a resmungar, ameaçar, a uivar como um lobo danado a delirar na sua Fúria. Não o compreendo, não o amo, as suas eternas imprecações exasperam-me e a sua ferocidade horroriza-me:

Sentença contra Moab…

 Sentença contra Damasco…

 Sentença contra Babilônia…

 Sentença contra o Egito…

 Sentença contra o deserto do mar…

 Sentença contra o vale da visão (Sodoma e Gomorra)

É um louco se crê Juiz, Acusador público e algoz ao mesmo tempo, e profere sentenças de morte, no pátio da prisão, contra até mesmo as flores e as pedras.

Fica se sufocado ante a tenacidade do ódio que enche esse livro com gritos e carnificina… O grito da ruína… ‘O grito envolve o país de Moab; seu uivo vai até Eglazião; seu uivo vai até Béer’. De tempos em tempos, ele descansa no meio dos morticínios, das criancinhas esmagadas, das mulheres violadas e destripadas; e ri, com o riso de um veterano do Exército de Josué, à mesa, depois, do saque de uma cidade:

‘ E o senhor dos exércitos  dá os seus povos um banquete de Carnes gordas de gordura de tutano, um banquete de vinhos velhos, de vinhos velhos bem depurados… A espada do senhor está empapada de sangue. Ela fartou-se com a gordura dos rins dos Carneiros…’

O pior é a perfídia com que esse Deus envia o seu profeta (Moisés) para cegar os homens a fim de ter um motivo para fazermos sofrer:

‘ Vai, endurece o coração desse povo, tapa-lhe os olhos e os ouvidos, a fim de que ele não compreenda, não se converta e não recobre a saúde’. Até quando senhor? Até que não haja mais moradores nas casas e que a terra fique mergulhada na Desolação…’

Não, em toda minha vida, nunca vi um homem tão mal!

Não sou tão tolo que desconheço o poder da linguagem, não posso, contudo, separar o pensamento da forma: e se por vezes admiro esse Deus judeu, é a maneira porque admiro um tigre!

Shakespeare, criador de monstros, nunca conseguiu engendrar um tal herói do ódio! Do ódio Santo e Virtuoso. Esse livro (A Bíblia) é pavoroso! Toda loucura é contagiosa. O perigo desta é tanto maior quanto o seu orgulho assassino reveste pretensões Purificadoras. (Para um livre pensador francês) a Inglaterra me faz tremer quando me lembro de que há séculos ela se ilude desse orgulho. Gosto de sentir entre mim e ela o fosso da Mancha. Não julgarei nunca um povo completamente civilizado, enquanto ele se nutrir da Bíblia….

 Tenho ódio ao ódio! ”

Voltando aos dias de hoje, Israel e seu governo genocida, realmente é digno deste deus do Velho Testamento e de seu ódio abominável e devastador.

5 respostas

  1. Prezado Carlos Russo:
    Duas frases no seu tesxo, frases suas e não de Romain Rolland, estigmatizam todo o povo judeu por atos de uma parte apenas e parte minoritaria desse povo. Ontem em Tel Aviv meio milhão e pessoas reclamarm o fim da guerra e a soltura dos reféns

    As duas frases

    “Em seu quarto volume, o personagem pensador Olivier (alter ego do próprio escritor), expressa todo o seu sentimento em relação ao ódio que é central na Bíblia judaica e que hoje se reproduz em ações de seu “Povo Eleito”, na Palestina ações de hoje”

    “Voltando aos dias de hoje, Israel e seu governo genocida, realmente é digno deste Deus do Velho Testamento e de seu ódio abominável e devastador”.

    1. Caro Bernardo, creio que errei na mão nesta referência. Procurei já revisá-la ao reeditá-lo. Romain era um admirador do povo judaico laico e mesmo teve atuação importante no caso Dreyfus. Abraços.

  2. Toda generalização incorre na disseminação do preconceito.
    Meu caro Carlos Russo, você, muito mais que a maioria, reconhece que na história moderna os judeus compuseram uma parcela importante nas lutas sociais que sacudiram o Ocidente.
    Compuseram boa parte do exército vermelho de Trotski, pois eram perseguidos e humilhados na Rússia e Europa oriental. Destacaram-se nos movimentos ocorridos na Alemanha e em outros países. Produziram boa parte dos melhores pensadores de esquerda que o mundo já teve e ainda tem.
    A parte laica dos judeus promoveu avanços sociais consideráveis no novo estado de Israel. Há pouco tempo ainda se cantava a Iternacional em muitos kibutzes como rotina coletiva.
    Mas mesmo assim concordo que a raiz do atual comportamento de uma parte importante da população israelense tem raízes profundas nas páginas mais aterrorizantes do velho testamento. O que é assustador.
    não é a toa que David é o patrono do exército israelense. Um rei que passou pela espada as populações que habitavam as terras palestinas. Tudo em nome de DEUS…

  3. Prezado Carlos Russo:
    Penso que não se trata de um episódio de mero excesso retórico.
    Toda a construção do texto é um equívoco. Baseia-se numa ilação estapafúrdia entre uma passagem de Romain Rolland detonando o Deus do velho testamento e a guerra de Gaza. ( Se é que se pode falar em natureza de um povo como um todo unitário). Com base nessa falsa ilação você postula que o povo judeu é possuido pelo ódio. Mais do que o povo judeu, a própria cuiltura judaica.Ora, os dois mil anos de perseguiçao aos judeus sugere o contrário; sugere que eles é que tem sido sempre objeto de ódio por parte do outro. A começar pelas cruzadas que matavam judeus que encontrava em seu caminho; depois a expulão de Espanha e Portugal, depois a Inquisição, depois os pogroms pelos cosasacos da Russia Tzarista, culminando com o holocausto. Ocorreu-me – e eu posso estar movido por um estado de super-sensibilidade – que o texto pode incutir no leitor o que incutia o blood-libel da Idade Média em nome do qual tantos judeus foram massacrados, pelo qual acusavam os judeus de usarem o sangue de criancinhas católicas para o preparo da Matzá.
    Saidações

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