A primeira lição a ser clarificada é a de que a moral da gangue destrói um País, tanto em 1933 quanto nos dias de hoje.
1933:
A Alemanha aceitou, numa única eleição democrática, os valores de um bando de homens degradados, que lograram impor seus valores a uma nação altamente civilizada!
Passado quase um século, ainda nos surpreende hoje como os alemães puderam ter permitido que as gangues nazistas fossem tão longe, cometessem crimes de tais proporções que, afinal, levaram à destruição quase completa de seu próprio país!
E a uma hecatombe mundial, que ceifou oitenta milhões de vítimas!
Boa parte dos slogans que motivaram as massas alemãs a seguirem a moral da gangue hitlerista, excetuando-se apenas os dirigidos contra os judeus, podem ser derivados da derrota na Primeira Guerra: “A derrota vai se transformar em vitória.” Num “Terceiro Reich”, ao braço erguido da gangue acompanhava o grito “sieg-heil” (salve a vitória).
“É preciso armar o povo”, disse Goebbels. “O exército proibido, (MILÍCIAS PARAMILITARES) vai ser formado”, acentuava Hitler e assim foi feito!
Hitler foi um mestre. Todo seu discurso, todas as suas atitudes e aquelas de sua gangue sempre tiveram efeito duplo, falso, a mentira substituindo a verdade, tanto nos sinais como na palavra.
E o sinal mais importante do Nazismo foi a Cruz Gamada! O símbolo buscou justamente na cruz cristã suas características cruéis e sanguinárias, como se fosse bom crucificar pessoas!
A Cruz Gamada, marca registrada do Nazismo, reúne uma ameaça de castigos cruéis com uma capciosa malícia e uma advertência de disciplina militar.
Nela existe um movimento rotatório, cuja ameaça se cumpriria: os membros dos demais partidos, de toda e qualquer oposição, seriam amarrados à roda da morte e da tortura! As gamas da cruz nazista, ou seja, os ganchos, anunciam como os adversários serão caçados, derrubados, assim como as batidas militares dos calcanhares.
Durante a inflação alemã, Hitler, no comando de sua gangue, encontrou como objeto os judeus.
Os judeus eram o ideal para representar um papel agregador da gangue nazista: sua antiga ligação com o dinheiro, para cujos movimentos e flutuações eles sempre tiveram um faro extraordinário. Primeiro os judeus foram tratados como maus, perigosos, como inimigos; depois foram sendo mais e mais desvalorizados; roubados, espoliados de tudo.
Quando já não se tinham mais judeus suficientes na Alemanha, eles passaram a ser coletados nos países conquistados, tratados com escravos e, afinal, considerados literalmente como insetos nocivos, que podiam ser exterminados aos milhões.
O deus de Hitler era um deus de comício, um Jeová de botas! O“deus acima de tudo” do Nazismo era antes de nada um deus de comício, de espetáculos místicos, mistura de Walhala e certo deus cristão degradado de uniforme e coturno.
Os intermediários políticos, organizados em partidos políticos, que em todas as sociedades são a salvaguarda da liberdade desparecem, dando lugar a um Jeová de botas, que reina sobre multidões silenciosas ou que gritam palavras de ordem. Não se interpõe entre o chefe e o povo um organismo de intermediação, mas justamente o aparelho, um Partido ou um Exército tipo Nazista, uma justiça que também calça coturnos, que é opressora.
Na verdade, Hitler jamais possuiu nenhum tipo de fé, ele só acreditava no movimento da ação. E a “revolução” da gangue hitlerista era dinamismo puro!
E sua ideologia central é um movimento perpétuo de negação: Negação da história, da cultura alemã, dos valores do humanismo e do iluminismo, dos valores autênticos do cristianismo.
Esquecida da moral de Goethe, a Alemanha escolheu numa eleição democrática e sofreu por mais de uma década a moral da gangue. E a moral da gangue, em qualquer país, em todos os tempos, é triunfo e vingança, derrota e ressentimento, inesgotavelmente.
O nazi-fascismo ao exaltar as forças elementares do indivíduo, na verdade exaltavam as forças obscuras do instinto e do sangue.
Primeiro Mussolini, depois Hitler, jamais poderiam prescindir de inimigos; seus companheiros de gangue eram “dândis” e desajustados, fracassados sociais como seus líderes, que somente poderiam ser definidos em relação a inimigos reais ou imaginários.
Se um homem for membro da gangue, não passa de um elemento a serviço do Chefe; se for inimigo, é produto de consumo, um escravo ou um subversivo a ser abatido!
O poder de mentir, denegrir, matar e aviltar salva a alma servil do antigo “Zé Ninguém” do nada. A propaganda, a mentira e a tortura são os meios diretos de desintegração; para os “convertidos”, o amálgama do criminoso cínico com a cumplicidade forçada.
Pois o fascismo e o nazismo têm a moral da gangue: o desprezo e a morte da liberdade, o domínio da violência e a escravização do espírito.
A conquista para as massas baseia-se em propaganda ou repressão. Guerra contra os judeus, contra os comunistas, contra os democratas; guerra contra a intelectualidade, contra a vida!
A lei militar, em tempos de guerra, pune com a morte a desobediência, e sua honra é a da servidão. Quando todos são militares, o crime é não matar se a “ordem” assim o exigir.
A liberdade alemã foi, então, cantada ao som da orquestra de prisioneiros nos campos de morte!
2018/2021:
Alguns países repetem a velha formulação do século XX: escolhem e sofrem a moral da gangue! O exemplo mais escandaloso para todo o mundo é o do Brasil!
Somos um país que encolheu quer pela ação, quer pelo descaso, ao eleger um governo parasitário, onde o próprio Presidente acafajestado apoia o desastre ambiental, econômico, e humano que provoca, em meio a um genocídio sanitário provocado pela Covid, que já levou aos cemitérios mais de 500 mil mortos e, se seguirmos na mesma toada, levará outros milhares às valas.
E o bolsonarismo é coerente, dado que a moral da gangue brasileira no poder, assim como a da Alemanha de 1933, é a moral do saque, da devastação e do enriquecimento corrupto!
Os destruidores do meio ambiente (contrabandistas de madeiras nobres, mineradoras, garimpeiros, grileiros, empresários vândalos do agronegócio, sob o suporte de milícias paramilitares), aproveitam para queimar os recursos naturais da nação. Mais de 3,0 milhões de hectares de florestas, fauna e flora, foram destruídos em 2 anos e meio.
A destruição do patrimônio humano e cultural.
O empobrecimento generalizado da população é nada mais que o contraponto do enriquecimento da gangue que se apoderou do poder, e que nos levará ao mesmo desastre a que os alemães e outros povos já foram conduzidos!
A dedicação a um deus de fancaria!
O deus deste “Messias” é um deus de fancaria, de rezas televisivas, de pastores malandros e de multidões infantilizadas que colocam tiras escritas “Jesus” na cabeça, enquanto fazem das mãos arminhas simbolizando tiros fictícios. Tiros em quem? Em qualquer um que se lhes afigure como inimigo, tal qual fizeram com Marielle.
Trata-se de um deus tão degradado quanto o de Hitler, regressivo dos preconceitos, do negacionismo, do anticientificismo, que reúne crentes que se enrolam numa bandeira verde amarela, herança dos Bourbons e Habsburgos, herança do Brasil do Império e da escravidão.
O Brasil de 2018, assim como a Alemanha de 1933, aceitou, através de uma única eleição, os valores degradados da gangue que logrou impô-los a uma nação. A Alemanha destruída provocou ainda 80 milhões de mortos pelo mundo. Tardou quase 20 anos sua reconstrução, graças ao capital norte-americano em tempos de guerra fria.
A guerra fria terminou há décadas. O “fantasma do comunismo” não mais apavora o mundo. E nós, pobre Brasil, caminhamos para a destruição e a barbárie.
Reagir é preciso. O enfrentamento do nazifascismo se faz com tenacidade, resiliência, organização e combate. Antes que ele destrua o que nos resta de instituições democráticas!
Responsabilização e Impeachment já!