Duas principais farsas que abordarei hoje:
1ª- Que no Brasil se paga muito imposto. Que o povo está cansado, e não quer mais aumento de impostos.
2ª – Que os prejuízos bilionários das empresas estatais recaem sobre os ombros da população.
Considero que a ignorância é um dos principais males da humanidade! Ao lado da ignorância, coloco a ganância, o egoísmo, a mentira e má-fé!
Duas das principais farsas divulgadas pela mídia, nos discursos de nosso corrupto Parlamento e por pessoas adeptas do neoliberalismo econômico, se concentram em: aqui se paga muito imposto e o povo está cansado, e não suporta mais aumentos. Assim como que os prejuízos bilionários das empresas estatais recaem sobre os ombros da população!
Os divulgadores dessas mentiras (na realidade, talvez meias verdades e como tais mentiras), em geral, não são ignorantes. Pessoas de má-fé, interesseiras e mercenárias, como normalmente ocorre no Parlamento e na Mídia. Há também os que foram vítimas da doutrinação do Consenso de Washington, e que se deixaram envolver pela doutrina capitalista neoliberal, que advoga que o lucro privado é a única coisa que interessa, que o Mercado é autossuficiente, e que o Estado não deve interferir na economia.
Quanto aos de má-fé, considero-os muito parecidos com os falsos pastores evangélicos neopentecostais que induzem milhões de fiéis inocentes, muitas vezes pobres, a darem 10% de seu miserável salário achando que tão dando dinheiro para Deus, quando, na verdade, tudo é embolsado pelos pastores, que ficam cada vez mais ricos. Veja-se a riqueza de Silas Malafaia e Edir Macedo, só para citar dois exemplos. E eles são praticamente isentos de impostos!
NO BRASIL SE PAGA MUITO IMPOSTO. QUE O POVO ESTÁ CANSADO.
Esta afirmativa não é uma farsa escancarada. É uma meia verdade. Ocorre que a China tem um provérbio emblemático que diz: “As meias verdades são uma mentira inteira”.
Por que meia verdade? Porque aqui, realmente se paga muito imposto. Mas faltou dizer o mais importante: que quem paga mais impostos no Brasil são os pobres e a classe média, através dos absurdos impostos sobre o consumo. Os ricos, os rentistas, os bilionários, os latifundiários ou são isentos ou pagam alíquotas ridículas para determinados impostos, pois o capital, a renda e a propriedade são muito pouco tributados neste país injusto e desigual.
Nem Adam Smith, o pai teórico do capitalismo, aceitava esta distorção. Smith defendia que “a tributação deveria ser proporcional à capacidade de cada um”. Smith pregava que um sistema tributário justo deveria ser aquele em que todos contribuem de acordo com sua capacidade, o que implica que aqueles com maior capacidade econômica (maior renda ou riqueza) devem contribuir com uma parcela maior dos seus recursos. É o que Lula e Haddad estão querendo fazer: isentar de IR quem ganha até R$ 5.000,00 por mês, e passar a cobrar um pouco mais daqueles que ganham R$ 100.000,00, R$ 2.000.000,00, R$ 4.000.000,00, ou mais – por mês!
Vejam apenas um exemplo da iniquidade do sistema tributário brasileiro: No Canadá, cerca de 48% dos impostos recaem sobre o capital, a renda e a propriedade, e apenas 23% sobre o consumo. No Brasil, é exatamente o contrário: 49% recaem sobre o consumo e apenas 23% sobre o capital, a renda e a propriedade! O que acontece no Canadá, também ocorre na maioria dos países civilizados, e é exatamente nesses países onde há mais justiça tributária e menos desigualdade social!
Outras comparações:
Imposto sobre heranças, Imposto sobre dividendos e Imposto de Renda, Brasil e alguns países. Comparativo:
Imposto sobre heranças: (alíquotas máximas): No Reino Unido, a alíquota é de 40,00%; na França 32,50%; nos Estados Unidos, 29,00%; na Alemanha, 28,50%; na Suíça 25,00%; no Japão, 24,00%, já no Brasil, em SP, o tributo é de apenas 3,86%.
Imposto ganhos de capital (dividendos), pessoas físicas: no Brasil esse imposto é 0,0%. Isto mesmo: zero. Na Dinamarca é de 42,00%, na França de 38,50%, no Canadá é de 31,70%, na Alemanha é de 26,40%, na Bélgica é de 25,0%, nos Estados Unidos, é de 21,20%. No Brasil esse imposto tem alíquota “0”, isso mesmo: ZERO! Era de 15% até 1995, mas foi zerada por FHC a partir daquele ano! O Brasil é o único país do mundo que não cobra esse imposto.
Imposto sobre a renda, alíquotas máximas (pessoas físicas): Áustria, 50%; Bélgica, 53,70%; Chile, 40%; EUA, 40%; Dinamarca, 55,60%; Finlândia, 51,50%; Holanda, 52%; Itália, 47,90; Reino Unido, 45%; Israel, 50% Suécia, 56,90; França, 45%. Brasil, 27%.
CONCLUSÃO:
O Brasil tem uma das legislações tributárias mais injustas e perversas do Mundo. Lula e Haddad estão querendo reduzir (um pouco) essa iniquidade: isentar de IR quem ganha até R$ 5.000,00 e tributar um pouco mais quem ganha acima de R$ 100.000,00 até R$ 4 ou 5 milhões por mês, ou ainda mais!
Vejam como nosso Parlamento trava esse projeto. Vejam como a Bancada Ruralista e a Bancada Evangélica, o PL, o PP, o União Brasil, o Republicanos e todos os partidos da direita são contra! E até no Centrão há os hipócritas e covardes!
QUE OS PREJUÍZOS BILIONÁRIOS DAS EMPRESAS ESTATAIS RECAEM SOBRE OS OMBROS DA POPULAÇÃO.
É outra meia verdade, ardilosamente propagada pelos adeptos do neoliberalismo, que promove as mais escabrosas desigualdades sociais, a riqueza descomunal de uns poucos, e a miséria e a fome de bilhões de pessoas!
Divulga-se no Brasil, a mãos soltas, que a corrupção é coisa típica das empresas estatais. Nada mais falso, nada mais diabólico e mentiroso! A corrupção é coisa típica do ser humano, especialmente dos gananciosos, dos egoístas e dos que só pensam na posse de terras, de bens e de dinheiro! E isso é o que caracteriza o capitalismo selvagem, ou o neoliberalismo! Claro que pode haver – e há – corrupção em certas instituições estatais. Por ironia, o campeão da corrupção, para mim, é o próprio Parlamento brasileiro, hoje, mais do que nunca, predominantemente direitista (PL, PP, Podemos, União Brasil, Republicanos e grande parte do Centrão hipócrita!)
Além de tudo, os neoliberais pregam que a eficiência das empresas deve ser medida pelo lucro! Claro que as empresas estatais devem ter lucro, sim, mas sua prioridade deve ser a prestação de serviços públicos de interesse da população! As instituições estatais devem estar centradas nas questões sociais, para mitigar os malefícios do capitalismo selvagem, egoísta e ganancioso!
Um dos artigos mais emblemáticos e realistas que já li sobre o tema “corrupção” e “propina” foi escrito pelo empresário Ricardo Semler (*), em 26.11.2014, e bastante divulgado pela mídia tradicional e digital.
Título do artigo: “NUNCA SE ROUBOU TÃO POUCO”.
(*)-RICARDO SEMLER, empresário, é sócio da Semco Partners. Foi professor visitante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA).
Eis alguns trechos:
“Não sendo petista, e sim tucano, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país. (o artigo é de 2014)
Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.
…
Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos “cochons des dix pour cent”, os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.
Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão –cem vezes mais do que o caso Petrobras– pelos empresários [privados]?
Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?
Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.
Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.
Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.
Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.
…
A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.
O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais [privadas] sem antes dar propina para o diretor de compras.
A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.
Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.
Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor? ” (os sublinhados e negritos não são originais)
…
Quem se interessar, pode ver o artigo na íntegra através de inúmeros links que encontrarão na Internet.
ESTADOS UNIDOS
Os Estados Unidos são um país que a direita brasileira costuma tomar como espelho para adoção de políticas econômicas. (Mas só para o que lhes interessa. Mesmo na questão de impostos, os EUA são bem menos injustos que nós!). Mas lá as grandes corporações privadas dominam o mercado. A saúde universal por exemplo inexiste nos EUA. Eles não têm um SUS. E não têm uma National Health Service – NHS, como na Inglaterra! Tudo é feito pelo lucro e para o lucro!
E vejam o resultado:
“As seis maiores seguradoras de saúde do país (todas empresas privadas) tiveram lucro de mais de 60 bilhões de dólares em 2021, lideradas pelo United Health Group, que sozinho faturou 24 bilhões de dólares! (R$ 160 bilhões!). Não é de surpreender que os CEOs do setor farmacêutico privado recebam grandes pacotes de remuneração. Em 2021, Michel Neidorf, CEO da Centene, faturou [sozinho] 20,6 milhões de dólares [R$ 120.000.000,00] num só ano! Karen Lynch, CEO da CYS Health, 20,3 milhões de dólares; David Cordani, CEO da Cigna, pouco menos de 20 milhões…”e por aí em diante! (p. 58 do livro TUDO BEM FICAR COM RAIVA DO CAPITALISMO , de Bernie Sanders, senador norte-americano).
Enquanto isso, cerca de 50 milhões de norte-americanos não têm onde caírem mortos. Não têm qualquer assistência médica. Muitos pedem falência ou se suicidam quando precisam pagar um hospital e não têm dinheiro para isso!
Portanto, desafio os que vivem falando que, no Brasil, “a maioria das pessoas não percebe que os prejuízos bilionários das empresas estatais pesam diretamente no seu bolso”, a explicarem no bolso de quem está recaindo o que os presidentes dos Bancos privados brasileiros, com o Banco Itaú à frente, ganham por mês (R$ 4.100.000,00) (R$ 50 milhões por ano)! E praticamente sem pagar imposto proporcional! Aliás, não só os CEOs dos Bancos privados, mas de todas as grandes empresas privadas (de todos os ramos), onde é comum ganharem mais de R$ 1.000.000,00 por mês!
Que leiam o contundente artigo do empresário Ricardo Semler, e expliquem no bolso de quem recaiu a “evasão de R$ 1 trilhão — cem vezes mais do que o caso Petrobras—e foi promovida pelos empresários privados e pessoas físicas”? (Para quem se esqueceu, lembro que foi no caso BANESTADO, onde houve operações ilegais, que envolveram doleiros, empresas privadas e indivíduos que buscavam evadir impostos e ocultar dinheiro).
ARIALDO PACELLODuas principais farsas que abordarei hoje:
1ª- Que no Brasil se paga muito imposto. Que o povo está cansado, e não quer mais aumento de impostos.
2ª – Que os prejuízos bilionários das empresas estatais recaem sobre os ombros da população.
Considero que a ignorância é um dos principais males da humanidade! Ao lado da ignorância, coloco a ganância, o egoísmo, a mentira e má-fé!
Duas das principais farsas divulgadas pela mídia, nos discursos de nosso corrupto Parlamento e por pessoas adeptas do neoliberalismo econômico, se concentram em: aqui se paga muito imposto e o povo está cansado, e não suporta mais aumentos. Assim como que os prejuízos bilionários das empresas estatais recaem sobre os ombros da população!
Os divulgadores dessas mentiras (na realidade, talvez meias verdades e como tais mentiras), em geral, não são ignorantes. Pessoas de má-fé, interesseiras e mercenárias, como normalmente ocorre no Parlamento e na Mídia. Há também os que foram vítimas da doutrinação do Consenso de Washington, e que se deixaram envolver pela doutrina capitalista neoliberal, que advoga que o lucro privado é a única coisa que interessa, que o Mercado é autossuficiente, e que o Estado não deve interferir na economia.
Quanto aos de má-fé, considero-os muito parecidos com os falsos pastores evangélicos neopentecostais que induzem milhões de fiéis inocentes, muitas vezes pobres, a darem 10% de seu miserável salário achando que tão dando dinheiro para Deus, quando, na verdade, tudo é embolsado pelos pastores, que ficam cada vez mais ricos. Veja-se a riqueza de Silas Malafaia e Edir Macedo, só para citar dois exemplos. E eles são praticamente isentos de impostos!
NO BRASIL SE PAGA MUITO IMPOSTO. QUE O POVO ESTÁ CANSADO.
Esta afirmativa não é uma farsa escancarada. É uma meia verdade. Ocorre que a China tem um provérbio emblemático que diz: “As meias verdades são uma mentira inteira”.
Por que meia verdade? Porque aqui, realmente se paga muito imposto. Mas faltou dizer o mais importante: que quem paga mais impostos no Brasil são os pobres e a classe média, através dos absurdos impostos sobre o consumo. Os ricos, os rentistas, os bilionários, os latifundiários ou são isentos ou pagam alíquotas ridículas para determinados impostos, pois o capital, a renda e a propriedade são muito pouco tributados neste país injusto e desigual.
Nem Adam Smith, o pai teórico do capitalismo, aceitava esta distorção. Smith defendia que “a tributação deveria ser proporcional à capacidade de cada um”. Smith pregava que um sistema tributário justo deveria ser aquele em que todos contribuem de acordo com sua capacidade, o que implica que aqueles com maior capacidade econômica (maior renda ou riqueza) devem contribuir com uma parcela maior dos seus recursos. É o que Lula e Haddad estão querendo fazer: isentar de IR quem ganha até R$ 5.000,00 por mês, e passar a cobrar um pouco mais daqueles que ganham R$ 100.000,00, R$ 2.000.000,00, R$ 4.000.000,00, ou mais – por mês!
Vejam apenas um exemplo da iniquidade do sistema tributário brasileiro: No Canadá, cerca de 48% dos impostos recaem sobre o capital, a renda e a propriedade, e apenas 23% sobre o consumo. No Brasil, é exatamente o contrário: 49% recaem sobre o consumo e apenas 23% sobre o capital, a renda e a propriedade! O que acontece no Canadá, também ocorre na maioria dos países civilizados, e é exatamente nesses países onde há mais justiça tributária e menos desigualdade social!
Outras comparações:
Imposto sobre heranças, Imposto sobre dividendos e Imposto de Renda, Brasil e alguns países. Comparativo:
Imposto sobre heranças: (alíquotas máximas): No Reino Unido, a alíquota é de 40,00%; na França 32,50%; nos Estados Unidos, 29,00%; na Alemanha, 28,50%; na Suíça 25,00%; no Japão, 24,00%, já no Brasil, em SP, o tributo é de apenas 3,86%.
Imposto ganhos de capital (dividendos), pessoas físicas: no Brasil esse imposto é 0,0%. Isto mesmo: zero. Na Dinamarca é de 42,00%, na França de 38,50%, no Canadá é de 31,70%, na Alemanha é de 26,40%, na Bélgica é de 25,0%, nos Estados Unidos, é de 21,20%. No Brasil esse imposto tem alíquota “0”, isso mesmo: ZERO! Era de 15% até 1995, mas foi zerada por FHC a partir daquele ano! O Brasil é o único país do mundo que não cobra esse imposto.
Imposto sobre a renda, alíquotas máximas (pessoas físicas): Áustria, 50%; Bélgica, 53,70%; Chile, 40%; EUA, 40%; Dinamarca, 55,60%; Finlândia, 51,50%; Holanda, 52%; Itália, 47,90; Reino Unido, 45%; Israel, 50% Suécia, 56,90; França, 45%. Brasil, 27%.
CONCLUSÃO:
O Brasil tem uma das legislações tributárias mais injustas e perversas do Mundo. Lula e Haddad estão querendo reduzir (um pouco) essa iniquidade: isentar de IR quem ganha até R$ 5.000,00 e tributar um pouco mais quem ganha acima de R$ 100.000,00 até R$ 4 ou 5 milhões por mês, ou ainda mais!
Vejam como nosso Parlamento trava esse projeto. Vejam como a Bancada Ruralista e a Bancada Evangélica, o PL, o PP, o União Brasil, o Republicanos e todos os partidos da direita são contra! E até no Centrão há os hipócritas e covardes!
QUE OS PREJUÍZOS BILIONÁRIOS DAS EMPRESAS ESTATAIS RECAEM SOBRE OS OMBROS DA POPULAÇÃO.
É outra meia verdade, ardilosamente propagada pelos adeptos do neoliberalismo, que promove as mais escabrosas desigualdades sociais, a riqueza descomunal de uns poucos, e a miséria e a fome de bilhões de pessoas!
Divulga-se no Brasil, a mãos soltas, que a corrupção é coisa típica das empresas estatais. Nada mais falso, nada mais diabólico e mentiroso! A corrupção é coisa típica do ser humano, especialmente dos gananciosos, dos egoístas e dos que só pensam na posse de terras, de bens e de dinheiro! E isso é o que caracteriza o capitalismo selvagem, ou o neoliberalismo! Claro que pode haver – e há – corrupção em certas instituições estatais. Por ironia, o campeão da corrupção, para mim, é o próprio Parlamento brasileiro, hoje, mais do que nunca, predominantemente direitista (PL, PP, Podemos, União Brasil, Republicanos e grande parte do Centrão hipócrita!)
Além de tudo, os neoliberais pregam que a eficiência das empresas deve ser medida pelo lucro! Claro que as empresas estatais devem ter lucro, sim, mas sua prioridade deve ser a prestação de serviços públicos de interesse da população! As instituições estatais devem estar centradas nas questões sociais, para mitigar os malefícios do capitalismo selvagem, egoísta e ganancioso!
Um dos artigos mais emblemáticos e realistas que já li sobre o tema “corrupção” e “propina” foi escrito pelo empresário Ricardo Semler (*), em 26.11.2014, e bastante divulgado pela mídia tradicional e digital.
Título do artigo: “NUNCA SE ROUBOU TÃO POUCO”.
(*)-RICARDO SEMLER, empresário, é sócio da Semco Partners. Foi professor visitante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA).
Eis alguns trechos:
“Não sendo petista, e sim tucano, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país. (o artigo é de 2014)
Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.
…
Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos “cochons des dix pour cent”, os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.
Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão –cem vezes mais do que o caso Petrobras– pelos empresários [privados]?
Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?
Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.
Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.
Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.
Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.
…
A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.
O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais [privadas] sem antes dar propina para o diretor de compras.
A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.
Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.
Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor? ” (os sublinhados e negritos não são originais)
…
Quem se interessar, pode ver o artigo na íntegra através de inúmeros links que encontrarão na Internet.
ESTADOS UNIDOS
Os Estados Unidos são um país que a direita brasileira costuma tomar como espelho para adoção de políticas econômicas. (Mas só para o que lhes interessa. Mesmo na questão de impostos, os EUA são bem menos injustos que nós!). Mas lá as grandes corporações privadas dominam o mercado. A saúde universal por exemplo inexiste nos EUA. Eles não têm um SUS. E não têm uma National Health Service – NHS, como na Inglaterra! Tudo é feito pelo lucro e para o lucro!
E vejam o resultado:
“As seis maiores seguradoras de saúde do país (todas empresas privadas) tiveram lucro de mais de 60 bilhões de dólares em 2021, lideradas pelo United Health Group, que sozinho faturou 24 bilhões de dólares! (R$ 160 bilhões!). Não é de surpreender que os CEOs do setor farmacêutico privado recebam grandes pacotes de remuneração. Em 2021, Michel Neidorf, CEO da Centene, faturou [sozinho] 20,6 milhões de dólares [R$ 120.000.000,00] num só ano! Karen Lynch, CEO da CYS Health, 20,3 milhões de dólares; David Cordani, CEO da Cigna, pouco menos de 20 milhões…”e por aí em diante! (p. 58 do livro TUDO BEM FICAR COM RAIVA DO CAPITALISMO , de Bernie Sanders, senador norte-americano).
Enquanto isso, cerca de 50 milhões de norte-americanos não têm onde caírem mortos. Não têm qualquer assistência médica. Muitos pedem falência ou se suicidam quando precisam pagar um hospital e não têm dinheiro para isso!
Portanto, desafio os que vivem falando que, no Brasil, “a maioria das pessoas não percebe que os prejuízos bilionários das empresas estatais pesam diretamente no seu bolso”, a explicarem no bolso de quem está recaindo o que os presidentes dos Bancos privados brasileiros, com o Banco Itaú à frente, ganham por mês (R$ 4.100.000,00) (R$ 50 milhões por ano)! E praticamente sem pagar imposto proporcional! Aliás, não só os CEOs dos Bancos privados, mas de todas as grandes empresas privadas (de todos os ramos), onde é comum ganharem mais de R$ 1.000.000,00 por mês!
Que leiam o contundente artigo do empresário Ricardo Semler, e expliquem no bolso de quem recaiu a “evasão de R$ 1 trilhão — cem vezes mais do que o caso Petrobras—e foi promovida pelos empresários privados e pessoas físicas”? (Para quem se esqueceu, lembro que foi no caso BANESTADO, onde houve operações ilegais, que envolveram doleiros, empresas privadas e indivíduos que buscavam evadir impostos e ocultar dinheiro).
ARIALDO PACELLO